20.8.06

pêndulo

de certo, estou errado!
só pode ser,
é o que me parece...

se me aparece a soma,
some com certeza o que pode ser.
e se poder era noutra era o que se erra
então o meu caminho errante
de certo está errado!

certeiro no desajuste,
o ponteiro se perde na hora contrária.
contraria o que se acha
de certo de estar justamente apontado.

ao ponto aponto a pena
e ponho no pêndulo.
penduro a maciez do pontilhado,
e pinto o telhado do balanço comportado.

com porta e traço
ponta do lápis alada.
ao lado do cedro, me cerco.
de certo estou errado!

17.8.06

poesia de pão

dois pedaços de pão.
colocados em cima da mesa a se cortar.
metades desiguais de um todo
massa igual de uma metade,
meta de se encontrar e se partir.
meta de chegar e ainda assim se partir.

me parto em meio ao parto.
me nasço, abro em pernas e choro.
renasço do que faço parte
e metade de mim se arte,
me arde, me trás meia taça de infarte
e me morro no chão.

dois pedaços de pão,
fatia de manhã cedo,
manha que me falta medo.
manha que pão e café amargo.
amaro do café que me anima a fé,
anima o santo,
e saio,
parto que me parte a parte na hora de partir

8.8.06

jogos de não ter como fazer

Quando o quanto é onde
Quando o porém é longe
Quando o mas é advérbio
Quando a paz não é verbo.

Quando o contundo é entretanto,
Quando o tanto é entregue,
Ao tudo. Todo tolo, estúpido.

Quando o quando é muito longe
Tudo é enquanto

jogos de não ter o que fazer








Espero a espera que me separa.
No desespero áspero da guerra
Aspiro ao ar que respiro noutra era.

Espero a brisa que cega ao se entregar.
Espero o desespero árido da seca passar.

Espero para espirar
Espirrar meu último suspiro
Espero ouvindo no espelho
Meu sádico sorriso

 
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