27.12.07

seu natalino

6.12.07

travesseiro

depenado em espumas, rasgado de corpo inteiro. travestida em choro, de preto, de saia, de pequenos cortes. de tecido. teimosa de lidar da vida. me encontro linda no espelho quebrado desse banheiro. travesseiro nervoso, utilitário, sou um cavaleiro desnudo. sou travessia. bate na cara. no cara, na cor minha de rei princesa. direi filha da puta. filho sem puto, sem o direito de ser direito.

o batom pastoso me passa da porta para a rua. calçada. descalço, num quarto qualquer, poderosa, poderoso, alguém me toma no cu, me joga na pedra, no lençol sujo. não há lenço. homem não chora e seguro em meu vestido preto a dor do ser qualquer, casaco pele de bicho. e quem grita por mim, se minha palavra quando sai é choro? se meu andar é cadente de cada em tempo manco. meu corpo travesssia o seu. atravesseiro em riacho diacho. me contemplo na dor do teu suor de sangue. travessado, transparente, transitório, transeunte.

tomo meus cortes no corpo. tomo todas pílulas da felicidade intermediária. da vida entre o vão, entre o carinho e o murro, entre ser inteiro e ser entre. entro em casa, entro no banho, aperto entre as pernas. travesseiro.

 
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