onda em bolha de ressaca
casaca de rede em boda
da bode de casa e onda
êmbulo de restasse dobra
brado se está ser bem
me ressaca se o rabo
borra a seca do leme
me lendo me casse me vai embora
20.9.07
12.9.07
concepção
hoje me reparto em mil partos,
me reparo no instante e paro.
parado entre o parto e o infarto,
farto dos nascimentos concretos,
dos cimentos fartos em minhas pernas,
em meus partos, em meus infartos.
hoje me distribuo em fardos,
almofadas de pesos em meus calos,
em meu lombo que mofa a voz
que me leva louco ao colo, me calo.
hoje eu me divido em eternidade,
em cortes retos a cada nova idade,
em fortes ventos que me fazem partir.
a ti me parto, farto chego em seus braços fartos.
chego aconchegado em teus todos braços,
e quando vejo em teu rosto-espelho o enfado,
já é hora de me repartir, parto.
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7.9.07
gaveta
quando
abro desponta
aos poucos uma luz insegura que apoiada
nos contornos da madeira se espreguiça toda pra fora.
olha para os lados e se atira na imensidão do lá.
raios finos compridos cumprimentam os pontos mais escuros.
que gentis se encolhem nas cantos das paredes.
embaixo da cama, em algumas sombras que fazem palco.
deito empurro, aos poucos, madeira, que agora faz, trêmula luz..
balé de opostos, dança una de recuo cinza
mergulho de costas buscando a mão
madeira, ainda um olhar
que se ajoelha
e fecha os
olhos
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6.9.07
sapopema em quadrilha
a rua dos banqueiros é paralela a rua do controle é parelala a dos correntistas é paralela a da bolsa.
as paralelas tortas se cruzam na rua da dos financeiros que ainda não tinha entrado na história.
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5.9.07
botequim
pois é. é cada tapa. parece que não dá sossego essa vida. dá sim. simplesmente chego e toma uma que nem sei. sei como é. é não. não que eu digo o contrário mas passa. passa bem. bem que eu disse pra tomar jeito. jeito nada. danada parece até sabonete. teimosa que se pega no ar já foi. foi mesmo. mordeu o zóio e saculejou toda saia. a não ser que. que me diz. digo sem aflição que é. é engodo. do meu eu garanto que é pois. pois é.
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índice
sujeito simples, as vezes composto, quase sempre indeterminado. cheio de predicados e apostos. poucos pontos, muitas exclamações. adjetivo, sem restrição ou explicação. alguns parenteses (só os essenciais). aspas quando lembro de citar. reticências reticente quando quiser o todo. interrogação para as exclamações mais cheias de suspense. concordância nenhum quando o sujeito não for de compartilhado. gerúndio enquanto estamos fazendo que o aparecimento do ponto se faça feito! particípio sim, de todas os encontros, consonantais ou não. orações coordenadas com meu deus, caminho sintático pela vida, palpando nas morfologias, nos sujeitos abstratos, nos substantivos de modo, nos telhados do meu alfabetomega...
e ponto final!
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separado
descançarmeupeitoserenarossuspirosospésdoídosasensa
çãodeesgotamentoquetomatodoom
eucorpoencontraralgumasoluçãopraessemundoquem
edátoconasmaistênuesesquinasqueriasairdessaruaentraremcasaemumacasae
deitarnumlugarqualquerdede
scançoquente mas não preciso mais ficar preocupado o frio parece diminuir me sinto quente, calmo, a noite pra dentro, eu engolindo cada estrela, gargantardente cachaçada noite, hoje anoitenão vai acabar; me dei to na cal ça daon de ex piro,
m e m o r r o.
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3.9.07
allegro molto
poesia muda é feita na mão,
entre sinais libres,
nas entrelinhas dos dedos,
no dedilho das palavras surdas.
afrouxo de voz
vocalizações inauditas
minhas cordas emaranhadas
contorcem em dança quieta
surdo em batuque bateria
bateria em meu peito de vibração
faria o som surdo
vibratto em meu allegro
afinado e mudo.
quadrilha junina
a dança nas mãos
a música no rosto
o maestro em todo lugar
com meu peito surpreso,
minha boca se cala,
minha voz se muda de lugar.
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