19.10.07

ciranda da lua

o vestido mais bonito, aquele rodado que abraça minhas pernas.
de mãos dadas fazendo coração no ombro
e sorrindo bobo o braço solto.

a noite enluarando nossas sombras,
juntas como alma no chão, cheia na rua,
conversa sem gravidade bailando ciranda

sentir o calejo das mãos, os gomos dos dedos,
a dança nova, o sorriso crescente, a rua cheia, a dor minguando
em cada carícia esbarrada, ombro em colo, susto de se perceber perto.

o amor ridículo dos clichês, o amor dos sonetos sem métrica,
das juras confusas, dos nossos sonhos românticos
olhados pela lente do garrafão de vinho.

bailando canção nova
enquanto meu peito crescente,
iluminado pela luz cheia,
esquece toda dor minguante.

nosso amor dança, cantado pelo coelhinho da lua,
se junta, se roda, se pé, se dança, se canta, se roda, se junta, ciranda.

1.10.07

canto calado

corre num ninho
passo largo e bico
fechado feito pato
nesse lago corre ninho

vida desnuda pena
olhos grandes
curiosos de vida
de voar correr céu

corro passarinho
e vejo começo
buniteza e ninho
bicos fechados

vida sem pena
peso e cuidado
vida sem canto
canto corro ninho

vida passarinho
toca vida primeira
vida e toca seresteira
passa ninho

 
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