16.11.08

passo curto

eu é que achava meus passos pequenos, pausados e inconstantes,
escaldados no calor do asfalto,
do calor que me vem pelos pés antes da cabeça.

eu é que achava meus passos inconstantes, pausados e pequenos,
mergulhado na leveza breve e bruta do impacto entre meu último e o mundo.

eu é que achava meus passos pausados, inconstantes e pequenos,
truncado no derrapão amiúde, nas miudezas que o mundo me salta no ar.

eu que me achava pequeno,
pausado e inconstante,
truncado, mergulhado, escaldado...
emergi, libertei, refresquei-me
meditando na cadência sinuosa dos meus passos.

vielas de bambu

ela despontou as pontas do cabelo. apontou o pente, aprontou o cabelo e envolveu os dedos na madeira. tomou firme o seu pente de bambu e mergulho-os, fazendo vielas simultâneas, se desmanchando e surgindo novas e novas e novas a cada penteada. o preço da viela é sempre pentear. é quando falta o pente, o bambu se faz no dedo. eu, daqui da cama, olhando você se pentear, penso que nisso cabe uma vida

 
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