levanta levado pelo despertador. despertador levado, obtuso e intruso, insistentemente adestrado para a repetição. paulo se ergue intercalando os passos duros batidos no chão e algum barulho com a leveza de quem ainda respira sonho e insiste em olhos se abrirem de uma vez. abrem na água gelada da pia. abrem no espelho. paulo toma a mochila e o café. o pão, amanhecido e esquentado ele alça nas mãos e sai pela porta. o menino pequeno é grande na cidade grande. conduz-se ao ponto de condução. conduzido. mãos pra cima, é hora de andar.
paulo salta do conduzido. é hora de se enfiar embaixo da terra. propagandas. bandos de cartazes lhe aferroam o olho. tudo aquilo só pode não ser verdade. ele vê, tromba, tombo é quase que sempre quase. segue a minhoca de gente, os sentidos da multidão e deixa ser subido. hipotenusa que ascende e acende. cresce. é tempo ruim, chove. aqui no chover é tempo ruim. tudo fica mais lento. a chuva coloca marcha lenta na cidade. e a gente fica imerso, feito bolha, feito peixe na água sem ser peixe, feito peixe na água visto de fora e vendo dentro. a gente fica lento. gente demais.
paulo resolve não entrar na escola. olha de longe mais tantos de gente entrando no portão pixado. o bedel de óculos de muitos anos antes, vê nada, não na outra margem o menino que espreita e espera. e quanto mais gente entra, mais forte paulo fica na intenção. todos entraram. ainda um, atrasado, que afastado se aproxima do portão correndo. força maior. paulo vai ficar sentado nalgum lugar tendo idéia. o menino fica e têm. teima tanto que o tempo passa, a fome não. é hora de voltar pra casa.
o carro era grande. o menino pequeno. a cidade grade e grande, grunhe. o menino paulo virou asfalto.
26.6.08
07h
contado por deni
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2 comentários:
nossa...
nesses textos, tem mais do que nunca poesia concentrada nas frases. e nas histórias. tá muito denso de poesia. tá muito bonito. :) fã.
já tá fazendo o das oito?
Gosteiiii
poeta do coração
bjs
na
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